terça-feira, 23 de junho de 2009

Sobre fome, fé e o que for preciso.

Aquela pessoa de fé cega disse que sou maçã. Disse também que há coisas que são proibidas. Falou de um livro ancestral que pelo que percebi é como um manual de instruções para ele. E talvez por eu não seguir o que está escrito em um livro que já era para ter sido deteriorado pelo tempo, ele me julga inferior. Não jogo lixo no chão, nas ruas. Sou bom (na medida do possível). Acho que tenho o mesmo direito do que qualquer um. Não ando com pescoço de girafa, pelo contrario ando até meio soterrado. O mais básico é a fome e o sexo. A fome tem amplos e diversos significados - Fome de mundo. E naquela sala onde na TV passava outro reality show a discussão inflamava. Sou ateu, não acredito em tudo. E claro que tenho fé, pois fé é vital. As novas invenções se tornaram cada vez mais essenciais. Na internet falam o que estão fazendo – coçando o saco. E tudo começou pela web. Ele continua a afirmar que sou maçã, que sou um teste para provar sua fé, que sou um brinquedo das forças inimigas, que sou... O seu medo era maior que as palavras e sua boca começava a mudar de cor, tremer. Eu tinha fome e ele também. Mas a fome viva, a fome não saciada se dilata e ocupa o corpo como se fosse outro corpo. Outro eu mais monstro, mais cru, mais humano. Sendo humano cometo erros e gosto. Não só pela diversão do tiro torto, mas pelos remorsos. As vezes a dor faz falta, o sofrimento de algo que falta. A vida é um grande emaranhado de conclusões, dúvidas, cabeças, cornos e patas colidindo. Necessidade vital: Fome – Come a vida! Se engasgar cospe e come de novo. Aquele velho livro mofado, não me diz nada e se tento tocá-lo as páginas de desintegram. Nada ali é útil para mim. Sempre pensei que não usasse muletas por não ter religião, a escrita é minha muleta. Ando capengando. A vida é para ser vivida, sentida e nada do que foi escrito há milênios me fará evitar ou mudar, como penso como vivo ou como me alimento.

Escrito por Rafael Franco

6 comentários:

  1. Nossa, muito bom esse Post, um dos melhores que já li, que você tenha feito, excelente mesmo.=)

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  2. Tambem gostei muito Rafael, parabens. Devia postar ele na comuna. Quem sabe nao será escolhido pra ser publicado em nossas revista. Um dos requisitos pra isso é que o texto seja muito bom e o seu é. O outro é que o autor seja participante ativo da comuna e nisso voce está pecando. Passe por lá, leia e comente texto de outros ok? abço

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  3. porra, o teu texto tá foda,
    nao é nenhum elogio barato ou coisa do tipo,
    realmente eu acho que tu tá evoluindo, as palavras tão sendo cada vez menos desperdiçadas, nao sei se tu entende, elas tem mais significado do que só sonoridade...
    eu acho q as tuas leituras novas tão ajudando bastante, e acho que tu tem futuro como escritor, eu te apoio cara

    e pois é, no meu caso, a minha música tosca é q é a minha muleta...

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  4. Rafa,
    Vladimir Nabokov disse "Ao Homem livre não faz falta um Deus".Acho que é por aí, onde a liberdade pulsa, onde pulsa a Arte não faz falta uma convicção e se dá uma vasão maior aos desejos, exatamente por se saber livre.
    Parabéns. Amei seu texto(pra variar).
    Beijo da Mari.

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  5. Meu amore !! *-* Como sempre incrível e puro em tudo que escreve!! Adoro seus posts, mas esse ein! Foi tão puro e tão... tão... sem palavras!! Não sei como dizer o que estou sentindo! Simplesmente amei!!

    Parabéns.

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  6. Nuss, tão profundo! *-*
    Gostei da parte que você escreve sobre necessidade vital o que é a escrita para você. Parabéns pelo texto.

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