segunda-feira, 31 de agosto de 2009

TRANSBORDO

Mostro a face e o osso
Converto em frases
Me transformo em texto
Escureço só
Órgãos letra
Poema grito
Converto eu em nós
Me exprimo em contos
Tantos
Converto-me em nó

Desfaço tédio
Ardo
Falo quanto
Escorro quando
No canto
Parto
descanso
Paro
Nasço Instante
Novo corpo em contato
e se a voz trava
converto em frases
Caibo palavra
Transbordo em baldes...


T
R

A
N
S
B
O
R
D
O

E
M

F
R
A
S
E
S


Escrito por Rafael Franco

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O Fantasma

O fantasma que subia do chá quente era insistente. Subia quase-transparente. Dançando. Fazia curvas em si mesmo, formava cogumelos e mini tornados. Ele não bebeu. Não queria queimar os lábios. Assistiu em silêncio. Dentro o liquido escuro-avermelhado. Poderia sim dizer o que pensava, só assim... Respirou. Ela ali sentada ao seu lado, não ria. E por que riria? Talvez por ter o fantasma menor que o dele: o chá dela já estava frio.

Ela bebeu um gole.

Saiu.

Ele olhou, desviando os olhos de seu fantasma.

Não viu mais nada.


Escrito por Rafael Franco

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O Nada

O sorriso diz "oi" de braços abertos. Perto ou longe se sente é certo. Olhos tristes espremem tanto que dói e saí uma gotícula materializada de dor chamada lágrima. Olhos e bocas abrem e fecham. Uns não querem abrir, são cegos. Quem vê, vê tudo e tudo não é só o que se vê. Tudo também é sentido, sentimento. Lágrimas nem sempre doem. Nada dói. O nada dói mais que a lágrima.
Escrito por Rafael Franco