quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Baile de máscaras


Era um baile de máscaras. Eles dançavam, mas não podemos dizer se felizes ou não. Os rostos por trás das máscaras eram desconhecidos. Todos desconhecidos entre si, porém insistiam em definir uns aos outros como “amigo”. Esqueci de mencionar que esse era um baile de leões mascarados. Eu já sabia que aquele pedaço de carne que havia sido jogado no centro do salão traria uma guerra. Eu estava prevendo isso. O chão do salão parecia instável. A cada passo nos desestabilizávamos. A carne sanguinolenta sentia-se soberana. Sentia-se acima de todas as outras criaturas que haviam ali, por ter o poder de causar a fome e a animosidade. Soube que os leões seriam capazes de tudo, lutariam de todas as formas para obter aquele pedaço de carne crua. A cena era chocante. E a carne que estava sendo disputada, parecia em um estado avançado de decomposição. Ela apodrecia. Cada máscara escondia a falta de um rosto, que aqui eu vou chamar de personalidade. Ao deixar o recinto já não havia vestígios do tal pedaço de carne e os leões mascarados começaram a se devorar.